A informação é d'O Globo:
Para Malafaia, manifesto contra Cunha é de ‘esquerdopatas’
Pastor diz que texto de evangélicos deveria pedir também a saída de Dilma e de Renan
JULIANA CASTRO
RIO
— O manifesto evangélico que pede na internet a saída de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) da presidência da Câmara foi alvo de críticas do pastor Silas
Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Malafaia
desdenhou da iniciativa e disse que ela partiu de igrejas que têm
afinidade com o PT e não representam 1% do pensamento evangélico.
Referiu-se aos que assinaram o pedido como “esquerdopatas gospel”.
—
Se ele (Cunha) está devendo, ele que pague. Agora, vou assinar
manifesto porque meia dúzia de esquerdopatas gospel quer fazer graça? Eu
não — polemizou Malafaia, que apoiou Cunha na eleição para a
presidência da Câmara.
Cunha
era da Sara Nossa Terra, mas mudou para uma igreja que tem mais fiéis: a
Assembleia de Deus de Madureira, um segmento diferente da comunidade de
Malafaia. O pastor disse que assinaria um manifesto que pedisse a saída
do presidente da Câmara, da presidente Dilma Rousseff e do presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
—
Se aqueles, em nome do evangelho, querem a Justiça, por que não incluem
Dilma e Renan que também foram citados na Lava-Jato? — questionou
Malafaia, dizendo achar normal que o povo esteja indignado e se
manifeste.
A
iniciativa, que até ontem à noite contava com quase 3 mil assinaturas,
nasceu com um grupo de líderes das igrejas evangélicas históricas
(Anglicana, Luterana, Metodista e outras), que, normalmente, não
declaram apoio a candidatos nas eleições. Depois, o movimento ganhou o
apoio de membros das igrejas evangélicas neopentecostais, como a Igreja
Universal do Reino de Deus (Iurd), Sara Nossa Terra e Assembleia de
Deus.
Igrejas
ouvidas pelo GLOBO informaram que não houve um posicionamento
institucional, mas que os bispos e pastores são livres para demonstrar
suas opiniões pessoais. Lideranças religiosas que assinaram o texto
afirmaram que o objetivo é não só se manifestar contra Cunha, mas
demonstrar que o presidente da Câmara não pode falar em nome dos
evangélicos e se declarar como representante do segmento.
—
Como ele se diz representante de um pool de igrejas, essas igrejas
estão questionando a mensagem que ele quer passar — afirmou Arthur
Cavalcante, secretário-geral da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e
um dos que assinou a lista.
Membros
da atual igreja de Cunha também assinaram o manifesto. O GLOBO esteve
na Assembleia de Deus de Madureira ontem, mas não conseguiu contato com
os pastores. Sem querer se identificar, um dos fiéis afirmou que ainda
não há provas de que Cunha tenha cometido algum crime.
—
Enquanto não tiver prova, não posso falar se fez ou não. Se ele roubou e
for provado, vai pagar. Mas não cabe a mim dizer se ele é culpado ou
não.
Em
nota, a Sara Nossa Terra disse que a relação com Cunha sempre foi de
caráter pessoal. “Não cabe à nossa instituição julgar qualquer dos seus
membros ou ex-membros, como é o caso do senhor Eduardo Cunha, que
atualmente segue outra denominação”. (Colaborou Márcio Menasce)