Se as condições de vida das 16 famílias de índios Caingangues que estão
acampadas às margens da BR-293 já não eram as ideais, depois do temporal
do fim de semana ficaram ainda piores. O chão virou barro. A única
cobertura foi pelos ares e os colchões e cobertas ficaram encharcados.
As poucas peças de roupas limpas para as crianças frequentarem a escola
molharam e insistem em não secar.
Sentados à beira da estrada, os índios se organizam em seus trabalhos
artesanais e na distribuição dos 300 metros de lonas doadas pela Defesa
Civil. Mas ainda faltam mantimentos, cobertores, colchões e,
principalmente, água potável.
O cacique Pedro Salvador Oreten, 53, disse que alimentos foram perdidos
durante os dias de mau tempo. Ele também revela que falta estrutura para
dormir. "No dia do temporal no juntamos todos. Onde estava seco, nós
íamos. Onde podia segurar, nós segurávamos. Um ajudava o outro",
relatou. Quando a situação ficou crítica, o cacique pensou em pedir
ajuda aos responsáveis pelo Terminal Rodoviário, para - ao menos -
garantir um abrigo seguro aos pequenos indiozinhos.
Passado o susto do vento, Pedro volta a se preocupar com a retirada da
tribo do local em que está. Ele conta que há quase cinco meses aguarda
uma resposta da prefeitura sobre um local definitivo para a tribo morar.
"Gostamos de Pelotas. Queremos ficar aqui e dividir nossa cultura com
os pelotenses", garante.
Sem "sinal de fumaça" do Executivo, o cacique pretende, com a ajuda de
vereadores, marcar uma audiência com o prefeito Eduardo Leite (PSDB)
para agilizar a situação. "Meu medo é a 'BR'. As crianças atravessam
para ir à escola e é muito perigoso. Temos que sair da beira da
estrada."
Enquanto a prefeitura não decide o destino dos Caingangues, os índios
seguem a trançar suas cestas à espera, desta vez, de ventos melhores.
Postado por Jornalista Augusto Pinz em Canguçu em foco-
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