
A
Bíblia relata uma passagem enigmática da vida de Jesus. Ele é chamado
às pressas para ir até o povoado em que viviam três amigos, os irmãos
Lázaro, Maria e Marta. Lázaro estava gravemente doente, à beira da
morte. O Mestre seguiu até o local, mas já encontrou o amigo morto e
muitas pessoas o pranteando, em luto, chorando e se lamentando. O texto
bíblico prossegue. Jesus pergunta:
“Onde o colocaram?”. E as pessoas presentes respondem:
“Vem e vê, Senhor”. É quando o texto diz:
“Jesus chorou” (Jo 11. 35). A grande pergunta é: por que exatamente Jesus chorou? O que o levou a derramar lágrimas?
Há algumas teoria. Uns dizem que foi pela incredulidade que encontrou entre parte dos que ali estavam. Afinal, diz o texto:
“Mas
alguns deles [das pessoas que estavam no local] disseram: ‘Ele, que
abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que este homem
morresse?’” (Jo 11.37). Essa hipótese é pouco provável, pois, se
formos analisar quantas vezes ao longo dos evangelhos vemos relatos de
pessoas que duvidaram de Jesus, as numerosas ocorrências não caberiam
neste espaço. E o texto bíblico mostra que em nenhuma outra ocasião a
incredulidade das pessoas levou o Mestre a chorar.

Outra
teoria é que ele teria derramado lágrimas pela dor da perda de Lázaro. O
próprio texto diz que houve essa percepção entre alguns que estavam
ali:
“Então os judeus disseram: ‘Vejam como ele o amava!’” (Jo 11.36).
Essa hipótese também é improvável, pois Jesus é Deus, ele participou da
criação do mundo (Jo 1), sabe quando cada pessoa vai nascer e morrer e
tem plena certeza de que a morte do justo alegra o coração de Deus. Mais
importante, Jesus conhece o que vem após a morte e não tem as dúvidas e
os medos que nós, que nunca passamos por ela, sentimos. Melhor do que
ninguém, o Deus que se fez carne sabe que, após a morte, o que espera os
salvos é:
“Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor” (Ap 21.4).
Por que, então, alguém choraria pelo fato de um amigo ter partido para
uma realidade tão maravilhosa como essa? Não faz nenhum sentido.
Então por que, afinal, ele chorou? A explicação está no texto
bíblico. A Escritura diz que, assim que Jesus chega à casa da família de
seu amigo, Maria se prostra a seus pés e chora, junto com os outros que
a acompanhavam. Então, que
“ao ver chorando Maria e os judeus que a acompanhavam, Jesus agitou-se no espírito e perturbou-se”.
Em seguida, profundamente comovido, ele próprio chora (Jo 11.33,35,38).
O texto bíblico continua e, novamente, temos outra informação sobre o
estado de espírito de Cristo naquele momento:
“Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro” (Jo 11.38). Pela segunda vez, é dito que o Senhor estava tocado em suas emoções.

Chegamos,
então, à chave da questão: ele estava “agitado no espírito” e
“profundamente comovido”. Pela morte de Lázaro? Não. Isso ocorre “ao ver
chorando Maria e os judeus que a acompanhavam”. O que levou Jesus às
lágrimas foi ver o choro das pessoas. A dor delas. Em outras palavras,
Cristo chorou por compaixão.
A bondade de Jesus é tanta que ele se deixa tocar profundamente pela
dor e pelo sofrimento das pessoas. E chora em empatia com elas. Só
alguém de coração muito bondoso seria capaz disso. E Jesus é a bondade
encarnada. Jesus não chorou pela incredulidade dos presentes ou pela
morte de Lázaro, mas pelo sofrimento das pessoas.
Saiba disto, meu irmão, minha irmã: ao ver a sua dor, Jesus se
comove, agita-se em seu espírito e… chora. Pois ele sente na pele o que
você sente na alma — e não fica indiferente a isso. Você está sofrendo?
Então prepare-se: um Deus comovido e misericordioso entrará em ação em
seu favor.
(Este texto foi publicado originalmente no jornal Sal da Terra)
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Fonte Blob apenas de Maurício Zágari <
facebook.com/mauriciozagariescritor >
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